Receitas podem ser passadas de diversas formas, a oral e escrita são as mais usuais e tradicionais. Quando oral, ouvimos atentamente e vamos reproduzindo as receitas através das gerações, quase sempre de forma levemente diferente, subvertendo delicadamente os ingredientes e os modos de preparos até que as transformamos em nossa propriedade. A escrita, assume um caráter histórico, documental, são autorais e mais eternas. Feliz de quem tem como herança um caderno de receitas, especialmente em tempos virtuais. Mesmo documentadas, é inevitável que a propriedade autoral dilua-se com o passar dos anos. A receita do Bacalhau Espiritual da Teté, passada para Joca, irmão da Teté, vai assumindo uma identidade da história culinária do Joca, até que um dia o Bacalhau Espiritual da Teté será o Bacalhau Espiritual do Joca.
Receita do Bacalhau Espiritual – Escrita a mão em papel pautado. A página guarda muitas lembranças, tem perfume de cozinha e manchas do tempo.
O sabor do Bacalhau Espiritual vai além do prazer sensorial. Alimenta nossa alma. Talvez por isso esse nome espiritual. Servido na mesa de mármore, com pássaros pratos brancos, guardanapos vermelhos e rosas vermelhas, transforma o jantar (ou almoço) em festa espiritual para nosso prazer sensorial.